A
vida inteira achei que felicidade e êxtase eram a mesma coisa. Extravasamento.
Transbordar.
Mas
aprendi com o tempo, o passar dos anos e todos os momentos de dor, que
felicidade não se estampa. É algo muito íntimo e particular.
A
felicidade só se conjuga no tempo presente. No passado, é sujeito inexistente.
No futuro, é verbo intransitivo.
Transita
no hoje. No agora. Em trânsito permanente. Um contraditório ‘permanente’ que
pertence exclusivamente ao hoje. No já. No aqui. Da forma mais trivial, simples
e humana.
Fosca.
Opaca. Leve. Tranquila. Sem dilatação de pupila.
A
gente tem pressa de ser feliz e sonha em viver uma grande história de amor e
acha que o clímax é a meta e confunde intensidade com desespero e desespero com
felicidade. Mas o apogeu é sucedido pela queda. E é mais fácil aprender
sobre a felicidade com o declínio.
Um
indefinível calmo e manso. Sentimento de autonomia e liberdade. De
despretensão.
Desconstrução
de aparências, sucessos, conveniências, cargos, títulos, do tempo...
Não
quero ser melhor que ninguém. Quero ser.
Nem
quero fazer de uma forma genial. Quero fazer, sem tensão, aceitando e
respeitando os meus limites.
Não
sou especialista em felicidade. Nem quero ser. Para mim, felicidade e tempo são
duas obsessões destrutivas.
A
palavra 'felicidade' traz consigo tensão, cobrança, aparência. Obrigação.
Fantasia. Ficção. E também arrasta uma corrente muito pesada chamada
'competitividade'.
Libertar-se
do compromisso carrasco de ser feliz, contraditoriamente, já é ser feliz.
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