Dos encantos de uma realidade nua e crua, mas compartilhada

Por que a gente quer um par?


Imagine imagem
Foto: Rodolfo Nícolas, colaborador desse blog, e Marcela Balbino no dia 
em que oficializaram o 'sim' à aventura da vida a dois.


O ser humano é confuso. Uns mais do que os outros. Existe um sótão em cada um de nós. Aquele quarto mal iluminado que, em nossas casas, transformamos em depósito. Móveis velhos. Livros esquecidos. A bicicleta com o pneu murcho, encostada. Uma infinidade de coisas abandonadas.

Existe esse quarto escuro dentro de cada um. Cheio de coisas inimagináveis. O ser humano tem uma capacidade que desconhece. Sentimentos, experiências e imagens guardadas. Adormecidas. Coisas boas e coisas ruins.

Imagine dois seres com tamanha complexidade se relacionando.

Não é nada simples.

Cada um com seu sótão cheio do desconhecido, com seus conflitos internos, com suas confusões subjetivas, muitas vezes, causando magoa ao outro, até sem intenção.

Não faz muito tempo, perguntei a um homem cheio de ideias e projetos se ele pensava em se casar. Ele tinha 37 anos. Ganhei uma resposta, no mínimo, interessante. “Já dou muito trabalho a mim mesmo. As pessoas fazem confusão por bobagens. Por causa de uma toalha molhada que se joga na cama”...

De fato, a convivência consigo próprio já não é algo muito simples, acrescente-se a isso o outro com os seus conflitos particulares.

Em se tratando de relacionamento, nem tudo é mágica. Na maior parte do tempo é realidade um tanto crua.

Então, qual a vantagem de estar em par? Por que as pessoas se procuram umas às outras? 

Não tenho muita certeza, mas deve ser porque a esperança sempre fala mais alto, no ser humano.
Depois que passa o feitiço inicial da paixão, se descobre que a realidade crua, também, tem seus encantos.

Descobrem-se outras formas de beleza como a da parceira vestida de mendiga, transitando pela casa, no domingo. Ou do parceiro que faz xixi na beirada do sanitário, transforma todo o banheiro em uma piscina e fecha com chave de ouro jogando a toalha molhada na cama.

No final das contas essa realidade crua tem sua sensualidade. Se além de crua ela for nua, pode até ser erótica. E se, além de nua e crua ela for compartilhada, acho que pode ser amor. Um rosa exuberante e seus espinhos.


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