Mulher de trinta




Chegar aos trinta não foi nada simples. Da infância até aqui alternei depressões, pensamentos trágicos, TOC, baixa estima, na adolescência, por causa de acne, mais depressão e sentimento de culpa pela morte do meu pai e, recentemente, ansiedade e medos.

Várias vezes, me perguntei por que fui premiada com tantos atropelos e, confesso, senti muita raiva de Deus.

Vez ou outra me dá vontade de jogar tudo para o ar, chutar o pau da barraca e virar um vegetal, mas, aí a vida toca a flauta e eu saio do cesto que nem uma naja encantada.

Para não dizer que não falei das flores, nos intervalos entre um tombo e outro tive momentos de encontro com a vida e, posso dizer que, tudo o que conquistei, foi com extremo esforço.

E deu para conquistar muita coisa.

Conquistei amigos fieis que, mesmo em países ou cidades distantes, estão sempre presentes na minha vida e eu na deles, seja por facebook, telefone ou encontros pessoais esporádicos.

Desenvolvi a capacidade de dizer NÃO, assim, em caixa alta, colocando minha saúde física e mental em primeiro lugar. Minhas atitudes têm que ser tão boas para os outros quanto para mim.

Um dos meus maiores ganhos (não se assustem) foi a agressividade. Uma quota equilibrada de agressividade é fundamental e, extremamente, terapêutica, em situações de autodefesa. Reanimar a loba selvagem, dentro da gente, é libertador.

Aprendi a me questionar menos sobre as origens e os por quês de tudo. Certas coisas não têm que ser compreendidas. Saber demais envelhece e pode, até, trazer dor.

E aprendi, também, que o importante é fazer, mesmo que não seja com perfeição.

Hoje, me levo mais a sério, no sentido de respeitar o que fui, o que sou, o que escrevo, o que produzo e, principalmente, o que sinto.

Gosto mais de mim e de minha própria companhia e isso não significa narcisismo, autossuficiência ou egocentrismo. Significa a tranquilidade de uma boa solidão, geralmente, criativa e produtiva. Significa que minhas relações com as outras pessoas, sejam amizades ou paixões, não são baseadas no desespero de uma carência ou no medo de ficar só.

Uma das coisas mais legais de tudo é que alcancei o máximo (até agora) do meu potencial criativo e de realização e uma habilidade intuitiva que, às vezes, me assusta.

E, se nada disso faz sentido para muita gente, aprendi, também, a não perder meu tempo exigindo das pessoas o que elas não podem me dar ou tentando convencê-las sobre algo que nunca poderão entender.

A verdade é que não me considero uma mulher formada. Algumas questões mal resolvidas, talvez, conservem, em mim, a criança, a adolescente e a aspirante à mulher feita (dos vinte e poucos), mas aos trinta e três, apesar dos percalços e contratempos, estou no ápice do meu florescimento enquanto mulher e ser humano. Espero subir muito mais.  

4 comentários:

  1. Eu adoro ler os teus escritos. Parece que estamos conversando, batendo papo, pois tudo flui com tranquilidade e de um jeito muito natural. Amo você, Francesa, minha amiga-irmã ;)

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    1. Irmã, também te amo. Teu apoio é muito importante. Obrigada.

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  2. " E, se nada disso faz sentido para muita gente, aprendi, também, a não perder meu tempo exigindo das pessoas o que elas não podem me dar ou tentando convencê-las sobre algo que nunca poderão entender." Tão eu. Te amo! Estamos juntas!

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    1. Graças a Deus. Estamos juntas. 'Juntinho sem caber'... rsrsrssss Obrigada, Jana.

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