Alonga o corpo e toma banho de sol. Meu cachorro faz yoga todos os dias, várias
vezes. Sua postura preferida é Adho Mukha Svanasana ou, em português, 'cachorro olhando para baixo'.
Ele
coloca o quadril bem pra cima e estica a parte anterior do seu corpo como se
estivesse empurrando o chão com as patinhas da frente.
Eu já
pratico yoga, não há tanto tempo quanto Yusuke. Até, consegui inseri-la dentro
de uma rotina, mas só agora começo a incluir o banho de sol, também.
Despertei
para o sol quando li, não lembro onde, que os raios solares estimulam a
produção de vitamina D que traz uma série de benefícios para o organismo.
Em sua
instintiva e pura sabedoria, Yusuke já sabia disso. Sempre soube. Pela
manhã, assim que o sol nasce, ele escolhe justamente o local com mais
incidência de luz e fica esticadinho tirando um cochilo gostoso.
Pioneiro
na yoga e no banho de sol aqui em casa, talvez, até, na rua ou no bairro, meu
pequeno lobo selvagem dá os seus 'pulos' para manter a saúde mental (???) e
física sem precisar das dicas de saúde da Internet ou dos vídeo-aulas do
YouTube.
Às
vezes, me pergunto o que se passa dentro da cabecinha dele quando está
paradinho, elegantemente sentado com o tronco muito ereto, observando os meus
movimentos na cozinha ou quando ele deita numa posição que me lembra muito uma
esfinge egípcia.
É um
enigma que me provoca inúmeras reflexões sobre a vulnerabilidade de um ser vivo
que não sabe falar nem escrever nos nossos códigos humanos para dizer se sente
dor, medo, fome, sede, solidão, frio ou calor.
Yusuke,
no entanto, encontrou uma forma abstrata de expressar seu carinho por mim, uma
vez que alguns sentimentos exigem, imperiosamente, como uma necessidade vital,
expandir-se. É um
olhar expressivamente castanho e melancólico de quem ama e vai ser, para
sempre, fiel ao seu amor. De quem queria só um pouquinho mais de tempo perto e
mais afagos.
Não
sei se ele me enxerga como figura materna (eu me enxergo), mas costuma saltar
em mim, e colar a cabecinha na minha barriga e, se eu deixar, fica assim até
cansar.
Nesses
momentos, tenho certeza que o amor não é exclusividade da raça humana. Yusuke
com seus olhinhos de pedinte chega a colocar em dúvida se nós (humanos) sabemos
viver esse sentimento de uma forma tão pura e verdadeira.
Não
sei se os outros animais têm alma, apostaria que sim. Tenho certeza,
entretanto, que Yusuke além de ter alma, uma doce alma, tem-na enorme e cheia
de amor.
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