Já acordei sem saber o que eu vim fazer aqui, e é desesperador! Hoje eu tive um sonho. Um caminho para o cinema, uma breve discussão sobre a existência ou não das lombadas na estrada. Uma outra mulher, um rapaz, uma criança. Outra família! Ele entrou dizendo que não tardaria e deixou nós três para trás. Não teve adeus, não teve volta. De repente, eu estava sozinha na estrada. Entrei na casa, mas para mim só havia desamor e eu só queria ele de volta. Resolvi ir embora. Não desistindo, mas me matando. 'Onde não há amor não te demores'. Parti!
O caminho era de sol, mas frio. Reto, mas cheio de curvas. Com duas pessoas, mas vazio. Encontrei meu tio Paulo, ele era sábio e me disse uma frase que tão cedo não hei de lembrar. Talvez não deva ser repetida apenas internalizada. Sei lá. As pessoas entram e saem de nossas vidas e a gente continua aqui, tentando. Viver, sorrir, sonhar, ser feliz, mostrar para o mundo o nosso valor.
A vida não pede passagem, ela vai acabando simplesmente. Até que então já não há mais vida, já não tem mais os laços com o passado, nem amores. Foi tudo escapando por entre os dedos e o salão esvaziando. Como ao final de um grande baile você é quem decide se escuta o silêncio, se dança com o vento, se deita no chão e cria lembranças ou se apaga as luzes para ver o escuro. A gente é quem decide todos os dias se morre um pouco ou se vive mais um dia.
Note que esse não é um texto de desesperança, embora eu ainda esteja aqui de alguma forma e ao longo dos meus 29 anos tentando entender o que eu vim fazer nesse mundo louco e se estou vivendo ou apenas perdendo tempo fazendo dietas e gastando horas feito um hamster para tentar queimar a gordura que eu comi de felicidades ao longo desses anos.
Talvez eu precise agir como em Cem Anos de Solidão, quando as pessoas são acometidas da doença do esquecimento, e sair anotando o nome das coisas em meus pensamentos. Como forma de lembrar ou simplesmente de tornar empírico os motivos das coisas.
Não sei porque nasci, o que vim fazer ou mesmo o que vai ser dos próximos dias, dos destinos, do ano que se aproxima. Contudo, já dizia Guimarães Rosa que de sofrer e amar, a gente não se desfaz. Então, bailamos - um sonho, um coração, a vida e um rabisco!
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