Obrigada, Deus, pela solidão do
meu quarto. Que ela não dure o resto dos meus dias. E a luz apagada não
reflita, para sempre, aperto no peito e vazio inquietante.
Senti, hoje à noite, uma gratidão
louca e sem sentido por não ser amada e estar sozinha em uma cama enorme, sem
sono, ouvindo a mesma música em replay.
Não vou mentir. Dói. É uma
dorzinha cheia de esperança e vontade de ter um par. Meio ruim, mas com sua
inspiradora parcela de prazer. E por ser o meu presente, obrigada, Deus. Vou vivê-lo
plenamente, mas que ele seja breve.
Mesmo que esteja chovendo. E que toda
solidão seja mais sozinha numa noite chuvosa. E os sons da água caindo nas
telhas e delas no chão pareçam demarcar um território inacessível. E eu me sinta
ilhada (e a chuva avance pela madrugada cada vez mais forte)... Obrigada.
Porque a poesia veio como uma
flor que cresceu numa falha entre ladrilhos na área daqui de casa, sem que
fosse plantada por alguém. Uma solitária e inusitada flor. Então, só posso
agradecer, Deus, a limonada dos limões, mas (sem ansiedade) eu, também, gosto
de laranja e tangerinas. De pés enroscados nos dias frios. E dos jardins
convencionais.
(Imagem retirada de http://bit.ly/1PULZNs)
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