Poesia é fonte de renda para poeta salgueirense

Declamador, cordelista e oficineiro, Josenilson Silva escreve poemas por encomenda, conduz cerimoniais e luta por projetos de lei que insiram, no município, a poesia como política cultural.



Em Salgueiro, município do sertão central, uma experiência diferente vem chamando a atenção. Com o verso do cordel e os temas da poesia popular, muitas vezes caracterizado com temas nordestinos, o poeta Josenilson Silva tem conduzido os roteiros de diversos eventos. Ás vezes de improviso, às vezes de cor, a arte da declamação também sobe ao palco para somar forças.


O menino que nasceu na roça, numa família de mestres da arte popular, conheceu, por meio do rádio, expressões como o forró pé de serra, a cantoria de viola e a declamação de cordel. São dessa época, alguns dos poemas que recita até hoje. A memorização deu lugar à criação e, no ensino médio, o agora rapaz, começou a escrever e não parou mais: “fui me apropriando da escrita e me aperfeiçoando a cada poema”.


Esse repertório construído na infância e adolescência formaram um profissional orgulhoso em dizer que alimenta sua esposa e os dois filhos com o dinheiro vindo da poesia. Poemas por encomenda, oficinas de literatura em escolas e cerimoniais dos mais diversos eventos são alguns dos trabalhos feitos por Josenilson. Há 11 anos, ele está à frente do palco da Casa do Sanfoneiro, anunciando os artistas da noite e declamando nos intervalos, está se preparando para lançar o primeiro livro e é um dos fundadores da Academia de Poetas do Sertão Central, que vem movimentando a região: “a Noite da Poesia está no calendário cultural da cidade, agora, como o início das festas de fim de ano, então, para o ano que vem a gente pode conseguir algum recurso para trabalhar a Noite da Poesia porque agora já é lei”.


“Estou, também, com o projeto de Ensino de Literatura de Cordel nas Escolas, para ser votado, na Câmara de Vereadores. Se for aprovado, não vou ter que correr atrás de patrocinadores individuais porque o município estará me apoiando”, explica o poeta declamador.


Publicação de livro: Josenilson Silva organiza o lançamento de seu primeiro livro, ainda sem data. O título “Ser tão de verso” faz um trocadilho entre as múltiplas facetas do escritor salgueirense e as temáticas relacionadas ao sertão. São sonetos, quadras, sextilhas, septilhas e outros tipos de estrofes encontradas, principalmente, nos cordeis. “São textos de 20, 10 anos, outros recentes. Fui coletando e selecionando meus poemas guardados em cadernos. Muitos ficaram de fora, mas espero colocá-los em trabalhos futuros”, explica.


Conheça um pouco da poesia de Josenilson:


SALGUEIRO

Prazer! Me chamo Salgueiro
O miolo do Sertão
Sou o tronco do nordeste
Sou o X dessa nação
Em meu solo pisa gente
De cultura e tradição.

Sou mãe de filhos ilustres
De uma história sem igual
Devotos de Santo Antônio
De uma fé especial
Sou coronel Veremundo,
Mestre Jaime, Carnaval.

Eu sou a Serra das Letras
Sou a Serra do Cruzeiro
Sou cada frase bonita
De seu Raimundo Carrero
Sou o gibão que Zé do Mestre
Vestiu nosso herói vaqueiro.

Eu sou o chapéu de couro
Que tio Irineu desenhou
Para vestir o artista
Na hora de entrar no show
Usado por Gonzagão
Que ao Papa presenteou.

Sou Estação do Forró
Sou Casa do Sanfoneiro
Rubem Veras embaixador
Do forró, do violeiro
Sou Os Três do Cariri
Sou a Limão Com Mel, daqui
Tocando no mundo inteiro.

Sou distrito de Umãs
Povoado de Uri
Meu distrito de Pau Ferro
Sou Campinhos bem ali
Sou Conceição das Crioulas
Na luta pra resistir.

Sou Campeão Carcará
Eu sou Zezito Doceiro
Sou Padre Remir de Vetor
Nosso melhor forasteiro
Terra de zebra e leão
Do Brasil o coração
De Pernambuco...Salgueiro...


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