Foto: Gabriela Mo
Saudade, carência e solidão. Uma mistura
desses três sentimentos. Vazio multiplicado por três e a inquietude provocada
pelo medo de ficar oca para sempre. Irremediável.
Das três, a carência é a que
menos me reflete porque tenho uma certa resistência em pedir. E a carência
sempre vem com um pouco de cobrança, o que considero, de uma certa forma, estratégia
de sobrevivência.
A questão é que preciso da
certeza que vem com a espontaneidade. Por isso, normalmente, não peço presença,
carinho e amor, embora, tenha dado alguns pequenos sinais de carência e,
discretamente, mendigado um pouco disso tudo.
Ultimamente, dei até para sentir
saudade com nome, endereço, CPF e RG. Tive que encarar a realidade dos fatos. Logo
eu, que nunca morri de amores pelo que ficou no passado.
A saudade sufocada virou carência
e perdi a autossuficiência da solidão, essa que era a minha identidade mais
real, em termos de ausências. Existindo em função de si própria, agora, existe
em função de alguém.
Momento atípico de saudade,
carência e solidão. Uma avalanche de ausências e a constatação de que são duas
dores diferentes, sentir-se só e sentir a falta de alguém. E a segunda é a
pior.
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E com certeza a solidão não é opcional. Quase posso me ver conversando contigo.Tua clareza, sensibilidade e grandeza me comovem. Emocionam. Me deixam repleta dessa plenitude inteira. "Existindo em função de si própria, agora, existe em função de alguém.". Fantástico.
ResponderExcluirDesilusão, desilusão
ExcluirDanço eu, dança você
Na dança da solidão...